Transfiguração

Exaltação da Santa Cruz

A exaltação da Santíssima Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma das
mais belas festas da Igreja, como título e como significado. É, portanto, a festa pela
qual a Igreja recorda os sofrimentos que Jesus Cristo carregou corajosamente, com
suma paciência, as dores de sua atrocíssima morte. Aí, com seu exemplo nos
ensinou uma estrita obediência aos divinos preceitos, uma perfeita resignação com
a vontade de Deus e sobretudo ensinou-nos como se deve amar.

“Ó misericórdia que não teve e nem terá jamais semelhante! Ó graça que
nunca poderíamos merecer! Ó amor que nunca se poderá compreender!”

Santo Afonso de Ligorio, A Paixão do Nosso Senhor


A cruz que fora objeto de humilhação e vergonha, tornou-se o leito de dores
de Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador, sobre o qual Ele entregou seu
espírito, passou a ser um sinal da única esperança, após ter vencido a morte por ela
e o mundo subjugado os poderes do inferno. A cruz deixou de ser um fardo, ela é
agora a maior riqueza para a qual devemos voltar os nossos olhares se quisermos
ser salvos das malícias do demônio.


Primeiramente, a origem desta festa, instrumento adorável da nossa
salvação, é marcada pela busca do Imperador Constantino Magno, do Santo
Sepulcro, do Calvário e da Santa Cruz. Santa Helena, mãe do Imperador, advertida
por um sonho, foi à Jerusalém procurar as insígnias da Paixão de Nosso Senhor.
Estando na cidade, mandou despedaçar uma estátua de Vênus, que os ímpios
gentios colocaram onde a cruz fora plantada a fim de abolir toda a lembrança da
Paixão do Salvador. Depois de limpar o local das abominações pagãs, onde se
encontraria a Cruz, encontraram-se três cruzes. O Bispo Macário de Jerusalém, após
ter dirigidos fervorosas orações para Deus, pediu que tocasse com as cruzes uma
mulher gravemente doente. As duas primeiras não tiveram nenhum efeito, a terceira
cruz depois de tocada restabeleceu subitamente a saúde à enferma.
Uma parte da Cruz, Santa Helena a encerrou num belíssimo relicário de
prata e pedras preciosas e o depôs na Igreja que mandara construir sobre o Monte
Calvário. A segunda metade do Lenho, assim como os pregos que prenderam o
Corpo de Cristo ao mesmo, levou consigo para Roma, colocando-os em seu palácio,
a atual Basílica de Santa Cruz de Jerusalém. Constantino pouco depois promulgou
uma lei que proibia que um condenado padecesse o suplício da Cruz, colocando
entre o que havia de mais glorioso e digno de respeito um objeto que até então foi
sinal de desprezos e opróbrios, marcando com ela a derrota dos ídolos e o triunfo da
verdadeira religião.

No dia 14 de setembro a cruz foi posta em exposição. Iniciando
a festa da Exaltação da Santa Cruz comemorada em 14 de setembro.
Mas porque devemos amar um objeto de tamanho sofrimento de Cristo,
pois é nela que se encontram todas as coisas, a esperança da nossa salvação. Mas
como um instrumento de tortura e de morte pode nos dar esperança de vida? Porque foi mediante a morte de Nosso Salvador, e morte de cruz, que Ele reparou a
honra divina ultrajada e ofereceu, em nosso lugar, uma satisfação perfeita e
superabundante pelos nossos pecados


Na cruz, encontram-se todas as coisas das quais os homens costumam se
gloriar. Pois alguns se gloriam da amizade com os magnatas, encontra-se isto
sobretudo na cruz, porque nela se faz evidente o signo da amizade divina. Nada
demonstra assim a sua caridade para conosco, como a morte de Cristo por nós.
Ademais, alguns se gloriam do poder. E este poder o Apóstolo teve máximo
pela cruz. “A palavra da cruz é uma loucura para os que se perdem, mas, para os
que se salvam, isto é, para nós, é a virtude de Deus” ( 1 Coríntios 1,18)
.

Além disso, alguns se gloriam pela liberdade alcançada. E esta o Apóstolo a conseguiu pela
cruz. “O nosso homem foi crucificado juntamente com ele, a fim de que seja
destruído o corpo do pecado, para que não sirvamos mais ao pecado” (Romanos
6,6).
Também, alguns se gloriam por serem associados a uma grande assembleia.
Mas, pela cruz de Cristo somos associados à corte celeste.

Por fim, certos se gloriam do signo triunfal da vitória. Porém, a cruz é o sinal triunfal da vitória de Cristo
contra os demônios: “Cristo despojou os principados e potestades, e fez deles um
objeto de escárnio público, triunfando deles pela cruz” (Colossenses 2,15).

Heloisa Flores- Professo

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